sábado, 30 de novembro de 2013

Descansar

Quando vai chegando o fim do ano, parece que o cansaço toma conta das pessoas de um modo especial. Ficamos com aquela sensação de que o ano precisa terminar, porque com o término dele vem o descanso. Mas será que é assim?
Ano findo significa descanso vindo?
Para alguns, estudantes e professores, especialmente, esse finalzinho é o início daqueles dias nos quais vamos, por algum tempo,  viver sem os compromissos escolares, que, de fato, nos tomam muito tempo e muita energia também.
Para outros, é o início das famosas Festas de Fim de Ano, quando se pode reunir a família, comer bem e trocar presentes e, logo em seguida, viver a efêmera alegria do Carnaval. Então, permanece a sensação de que tudo é festa, de que a vida é uma festa... E festa é alegria, relaxamento e, talvez por isso, também possa representar algum descanso.
Hoje venho refletir sobre o que significa "descansar"... Podemos pensar nos muitos sentidos para o verbo, mas quero aqui tomar apenas um deles: assentar sobre algo, firmar sobre algo. Pois é... Descansar é assim: tomar o peso que levamos e assentá-lo sobre Algo!
Qual tem sido o nosso peso? Quais têm sido os pesos que trazemos conosco durante todo um ano, ou um período da vida que seja?
Sejam quais forem eles, a reação do corpo é sempre nítida: escassez de energia, olhos caídos, pouca disposição, sono ou falta dele, pouco apetite ou  excesso dele, e muita, mas muita vontade de assentar-se sobre algo e, assim, descansar...
A questão é que quando se trata de cansaço físico, uma boa cama ou sofá já é o bastante... Mas, os pesos que trazemos na alma e no coração (que, pra mim são essencialmente, o mesmo),  não se assentam em confortáveis sofás ou camas, mesmo as melhores.
Esses pesos não são retirados de nós nem com férias, nem com festas, mesmo as mais animadas... Esses precisam ser assentados num território chamado Paz! A cama da Paz é a única que nos alivia dos pesos que trazemos. É nela que podemos deitar nossas angústias, nossos medos, nossas decepções, frustrações e todas as mazelas que cansam nossa alma e coração.
Essa cama acolhe tudo isso, abraça, absorve e, quando nos levantamos dela, estamos leves, descansados.
Mas, atenção, não falo de uma paz qualquer, falo da Paz que excede todo o entendimento, que não te livra dos problemas, mas que te descansa, apesar deles.
Viver essa paz, apesar de..., é, na verdade, DESCANSAR.
Em Deus eu tenho paz!É Deus a minha Paz.
M.N.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Encalhado

Meu barco encalhado no mar de areia
Deserto, solidão, gelo na veia
Meu barco sem remo, sem vela ficou
O sonho que tive, com dor, afogou
No mar de areia , meu deserto interior
Que encalha o barco e o enche de dor
Meu barco precisa das águas azuis
Do vento que o ajude a seguir adiante
Pra que o barco encalhado
Que navegou errante
Navegue a vida mais confiante
Pra encontrar seu porto
E nele, conforto...

M.N.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Porta fechada

A porta está fechada
Dentro dela, só o silêncio
Repleto de inquietude
Sem qualquer perturbação
A porta que há do outro lado
Aquela que ninguém vê
É a porta de saída
Do invasor da minha vida
Que entrou sem permissão
Roubou minha alegria.
Modificou minha visão
E, com ela, a perspectiva.

M.N.

domingo, 24 de novembro de 2013

Imprevisível

A árvore fincada
no jardim da minha vida
Quase seca já estava
Plantada na monotonia
E o meu jardim 
Que era aberto
Tornou-se jardim secreto
O imprevisível segredado
Um dia Deus me contou
Meu jardim era regado
Do azul que o céu chorou

M.N.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Felicidade é simples assim.

Sempre tive vontade de falar sobre a felicidade...
Mas tantos já falaram dela ( e com tanta propriedade!) ou por vivê-la, ou por desejá-la, que eu nunca me atrevi. Mesmo porque não sou boa na prosa. Nem na poesia, embora me atreva mais com ela.
No entanto, hoje, me deu vontade de me arriscar a falar acerca deste estado da alma- a felicidade, toda ela feita de momentos, pequenos ou grandes, singelos ou faustuosos... Mas, momentos.
Viver os momentos intensamente é experimentar todas as sensações que eles podem proporcionar: o pulsar acelerado do coração, as borboletas no estômago, a boca seca, o tremor, o riso contido e solto, as lágrimas de felicidade... A vontade de rir alto, rir alto, gargalhar... E saber, sobretudo, que cada sensação dessa fica guardada, colada na alma, na memória, no coração.
Ser feliz é mais simples do que pensamos, porque a felicidade não está em chegar "lá", está na caminhada e nos percalços dela, em cada passo, em cada pequena vitória, em cada ombro amigo, em cada amigo achado no caminho, escolhido e aparecido assim meio "do nada", e que se transforma em um "grande amigo"... E nos sentimos tão bem quando estamos com eles, dividindo experiências ou rindo à toa das bobagens, cuja importância só é creditada por eles, por nós...rs
Falo de felicidade hoje, porque passei grande parte da vida pensando na tristeza, nas faltas, nos espaços vazios em mim, os quais eu alargava dia após dia, remoendo dores, angústias, arrependimentos, culpas... Tanto tempo perdido!! Tanta vida boa pra ser vivida! Tanta gente boa no meu caminho, tanta presença, tanta coisa a agradecer....
Então, entendi que meus espaços vazios, aqueles que me incomodavam tanto, foram criados por mim mesma e apenas eu, mais ninguém, deveria desconstruí-los. E assim tenho feito, com alguma insistência, com alguma energia, com fé no Deus em quem tenho crido e sendo feliz, dia após dia...
Não tenho tudo o que gostaria, nem todas as pessoas que amo perto de mim... Algumas que amo muito nem sequer me amam mais (talvez nunca tenham, de fato, me amado), mas como diz um bom amigo: pra ser feliz, não precisa de um amor, precisa de AMAR.
A felicidade só é simples assim, porque ela está dentro de mim.
M.N
P.S. Desculpem aos que esperavam ler alguns versos simples e meus e se depararam com uma leitura (rasa que tenha sido) minha de mim.

domingo, 17 de novembro de 2013

Sob a sombra

Sob a  sombra, o caminho mais fácil se torna
Faz-me ver de outra forma
O ardor da caminhada
Sob a sombra refrescante, nem quero ver adiante
O lugar que me espera.
À sombra, caminho e chego; o lugar é ruína e medo
Quem me dera o Sol!
Seu calor queimaria meu desejo acalentado
Pela sombra do caminho
De um lugar equivocado.

M.N

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Tornado de pensamentos

No calor da minha vontade
Na poeira das ideias limpas e sujas
Minhas ideias misturadas às suas
Subiram na força quente
Rodaram na minha mente
Um tornado de pensamentos
Palavras e sentimentos
Todos os livros que li
Todos aqueles que leio
Meus autores companheiros
Minhas vozes num balaio
Um poético ensaio.

M.N

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Vaso e Oleiro

Nós somos vasos
Na mão do oleiro
O oleiro sonha o vaso
Faz o vaso limpo, perfeito
Plantas nascem no vaso
Crescem e também morrem
No nascer e no morrer
O vaso se suja, macula
Se afasta do oleiro
Se abandona e sabe:
Precisa do seu criador
Pra se refazer  limpo,
Perfeito.

M.N.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Solidão

A solidão é o  meu silêncio
Na imensidão do mar dos pensamentos
A  solidão acompanhada
Das dores da caminhada
Preenche as agruras dos meus sentimentos
Minha solidão vislumbra minha companhia
A luz, pra onde  vou mergulhar
Porque um barco atracado  
Não se pode manobrar.

M.N.

A sombra

A sombra  projetada
É sempre uma deformação
É apenas sombra
E sombra é ilusão
A projeção é um reflexo
Uma máscara a mostrar
Mas, de fato, o que se tem
Tem cuidado em ocultar
A sombra me acompanha
Vem colada no meu pé
É companheira da jornada
A caminhada é um balé
Uma sombra é sempre sombra
Nunca é o que se é.

M.N.

Bailado alado

Assim dançam os pássaros
No ritmo do canto que encanta
Em  liberdade franca e tanta
É o voo, nada além do voo
Vivendo no vento, lento...
Conduzindo a dança
Das asas que se querem asas
Num bailado alado
Sob o som calado
Ressoando a liberdade....

M.N.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ócio

O nada pode ser tudo
Um  vazio cheio de paz
O preto no branco
Nitidez que se faz
Descanso do corpo
O respiro num sopro
Deleitar-se no leito
O sossego no peito
A aspereza da vida
No macio do ócio

M.N.

sábado, 9 de novembro de 2013

Minha pedra

No meio do rio
Tinha uma pedra
E uma corda pra atravessar
A pedra na  travessia
Era o acesso ao destino
Pra um destino de alegria
Há uma pedra a escalar.

M.N.