segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Prenúncio - Foto: Glaucia Schuindt

As nuvens no céu
O prenúncio da chuva que vem
Não uma chuva qualquer
São problemas que dela advêm
Chuva pode ser bênção
Regando a plantação
Tempestade  é o prenúncio
Do medo, a manifestação
Mas após a tempestade
A bonança apareceu
Ensinando a cada um
Que o melhor só vem depois.


M.N.

sábado, 26 de outubro de 2013

Caminho de pedras

Nem todas as pedras
São o tropeço do caminho.
As pedras que conheço
São disso, o avesso
São a ponte que permite
Alcançar o outro lado
E meus pés ficam seguros
Não afundam nesse lago.


M.N.

Mergulho no céu

O céu e o rio se confundem
numa única imagem
Azul e branco
Colorem a paisagem
Confusão bendita
Arte de Deus
Permite ao homem
Mergulhar no céu.
M.N.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Corda Bamba - Foto: Ricardo Biserra

Abrir os braços
Posicionar o corpo
Pisar no lugar certo
Decidir ir ou ficar
Balançar,  equilibrar
Andar devagar
Mas  nunca parar
Olhar pra frente
Focar!
Na corda bamba da vida
A escolha é minha
Se cair, vou levantar!

M.N.

Raiz

Oh! Senhor Livro que me prende
Que sustenta o caule condutor
Tuas histórias são meu alimento
Em tuas páginas liberto meu tormento
Oh! Senhor Livro que me prende
Uma prisão libertadora
Mostra tua raiz, me segura
Então, me solto, viajo, fico e vou
Criança ainda que sou
Choro, rio, me envolvo, me encaixo
Uma Mulher agora se formou
Te consumo e me alimento
Saciada me convenço
Dos teus eus, teus, meus, eu...
Livro meu, tão meu...tão eu...
Tão livro, tão livre...
Tão eu

M.N

Morrer - Foto: Charles Dangelo

Há muitas maneiras de morrer
Mas nem sempre pensamos nelas
A morte acaba por parecer o fim
Um corpo que dorme , que para, que gela.
No entanto, todo dia morremos
Morremos um pouco todo dia
Morremos em nossas vontades
Morremos em mentiras
Morremos em verdades
Morremos ao saber
Morremos por ignorar
Morremos de amor
Morremos por amar
E a vida se transforma em um túmulo
Uma lápide e um epitáfio:
Em minha morte ganhei a vida!
Não aquela  que escolhi,
Mas foi ela que vivi.

M.N.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Vértices - Foto de Antônio Manuel Pinto Silva

Naquele dia eu juntei os lados
Fechei-me numa caixa
A caixa das desilusões
Cada lado de mim
Insistia em mudar de direção
Por que não foram para lados opostos?
Foram todos se encontrando
Cada lado se juntando
E formou a minha caixa
Ela, então, foi meu abrigo
Por um tempo... Que perigo!
De desilusões, a caixa
Transformou-se nesse abrigo
Abrigar-me de mim mesma
Das tristezas, das feridas
Nessa caixa, nesse abrigo
Descobri que era mentira
Não me protegi de nada
Só me expus às tantas dores
Às feridas inflamadas!
Ao saber dessa verdade
Fui dia-a-dia me curando
As feridas se secando
E atentei pra cada canto
Que havia em minha caixa
Cada vértice, um encontro
Que juntou meus sentimentos
Nesses vértices
Doces pontos, meus encontros
Sem lamentos!
M.N.

Redes

Só quem nasce pescador
Sabe a boa hora da pesca
Descansa as redes no muro
Imaginando fechar as brechas
Sua pesca é um ato de amor
Ao  pescar o inocente peixe
Sabe que ele sente a dor
De fazer parte das redes
Que lhe tiraram a chance
Do nado libertador...

M.N.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Casei-me com o mar

Um dia pelo mar me apaixonei
Por ele suspirei, com ele sonhei.
Arrisquei, submergi.
Afoguei
nele pensei
De dia e de noite
Com ele sonhei
Acordada ou dormindo
Com ele sonhei
Então me casei
Arrisquei, submergi
Afoguei
Por ele vivi
Por causa dele
Morri.  
M.N.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Faz de Conta - Foto: Charles Dangelo

Até parece um Faz de Conta...
A cabana na floresta
Conta histórias tão diversas
Uma fada que lá mora
Fala, fala toda hora
Serelepe, pirilampa
Me contou toda a história
Embalada numa dança
Na cabana tem um livro
Com as páginas em branco
E a fada da floresta
Faz de conta que me conta
A história da minha vida
Mas no fundo, a história
Eu  que escrevo , linha a linha
E o livro da minha vida
Se preenche dos meus dias
No meu mundo Faz de Conta
O que conta é a alegria!

M.N.

sábado, 5 de outubro de 2013

Chuva de papel - Foto: Rubens Chaves


Meus escritos em papel
Contam parte da minha história
Lembranças trazidas à memória
Os muitos sonhos que sonhei
Quer dormindo ou acordada
Todos eles eu guardei
Num cantinho da minh'alma
Meus escritos só registram 
Minhas dores e alegrias
Sentimentos abafados
Muitos deles editados
Meus segredos mais secretos
Outros tantos revelados
Mas,  tudo o que escrevo
No papel está registrado
Como tudo é passageiro
Meu papel eu mesma rasgo
Dobro as folhas, me desdobro
Depois pico em pedacinhos
E se você não leu ainda
Não lerá mais uma linha
Minha vida voa ao léu
Numa chuva de papel
 M.N.

v
M
M

Revolta

A revolta é o lugar escuro do coração
Sombrio, frio, desordenado.
É a re-volta do que nunca deveria voltar
Turba a alma, afoga o amor
Mata a misericórdia
Reaviva a discórdia e a repulsa
Num coração que não pulsa
Apenas bate... Estapeia, agride
E tumultua.

M.N.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Uma lição sobre o tempo - Foto Cleber Júnior

Que o tempo passa, todo mundo sabe
Que ele voa, a gente percebe
Que ele maltrata, há quem sinta
Que ele cura, há quem seja agraciado

Mas há aqueles que não aceitam a passagem do tempo
Pra eles, é desgaste, secura, feiura
Qual folha que começa verdinha
E vai se modificando com as estações
Mudando cor, textura, forma
Trazendo outras e novas sensações
E quem disse que só o verde é belo?
Por que não: o bege, o marrom ou  amarelo?
Que padrão de beleza é esse, definido por quem?                              
Pode-se julgar a beleza de alguém?
Com o tempo, aprendi uma lição
Toda  fase, toda estação
tem sua beleza, sua emoção.
Hoje verdinha, depois amarelada
Descolorada,  amarronzada, queimada do sol
Um folhinha também envelhece
Mas sua beleza ainda aparece.

M.N.

Amor de mar

O mar e a areia se reencontram
A onda chega mansinho
Molha a areia com um beijo doce
Areia quente, mar gelado
Refrigério pro corpo de areia
Corpo de mulher-sereia
Se o mar te chama a amar na praia linda
Vá, sereia, deleitar-se na areia
E não pense, apenas sinta....

M.N.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Uma parte do todo

Uma parte do todo
É apenas o que permito revelar
Uma parte pequena
Descascada, arranhada
Não é capaz de mostrar
O todo que há em mim
Lá dentro, tão cheio, sim
Das redes escondidas
Emaranhadas ou arrumadas
Repletas de experiências pescadas
Nos mares da minha vida
Tantas vezes navegados.
Mas eu fico submerso
Apenas a proa, uma parte
É só isso que revelo
Pois se mostro o meu tudo
Me desnudo, me descubro
Não quero nenhuma certeza
Prefiro, hoje, o assombro
A total estranheza.
M.N.



M.N.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A escolha - Foto de Lito Lopez

Nunca gostei de gaiolas
Gosto de pássaros. No céu. A voar.
Pássaros engaiolados são tristes
Não cantam, lamentam.
Vivem a tortura de ver  por entre as grades
a vida que lhes foi roubada
O ladrão ficou de fora
E o pobre pássaro, na gaiola.
Felizes são os pássaros
Que entram na gaiola porque querem
E escolhem quando sair dela
Porque pior de que ser engaiolado por outro
É ser engaiolado por si mesmo.
Escolher é uma forma de se libertar
No fim, toda escolha é uma gaiola;
Uma forma de se aprisionar.
M.N.

O caminho

Todos querem saber o caminho
É a grande questão do homem
O caminho pra felicidade
É olhar pra dentro de si mesmo
Percorrer todo o trajeto
Dispondo-se a aprender
E a viver as agruras da vida
Sabendo que elas são
As maiores aliadas na construção
De um ser humano mais completo.

M.N.