quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tralhas - Foto: Maria Luiza

Ai, quanta tralha!!!
Quanta tralha a gente carrega!
Elas deformam nosso jeito
transformam em defeito
Cada gesto, cada feito
quero andar de qualquer jeito
passos leves, satisfeito
mas as tralhas me atrapalham
Me transformam em cabide
Fico meio cretinóide
Carregando essas tralhas
tanta coisa que não presta
Quero os meus braços soltos
Quero pernas flexíveis
Quero um jeito de livrar-me
Dessas tralhas, meus bagulhos
Conquistados com o tempo
Quero uma roupa nova
Leve....Limpa....confortável
Quero andar sem limitações
Quero puras as ações
Quero a viva prova
De que minha poesia ou prosa
Faz com que a  vida  valha
Sem os bagulhos nem as tralhas.
M.N

domingo, 27 de abril de 2014

Ser Gente- Foto: Yousry Aref

Gente é tudo igual e diferente
Gente que é gente pensa
Se preocupa e se ocupa
Gente para e continua
Gente que é gente fica na sua
Se previne e se descuida
E quando se percebe fluida
Sem forma, amorfa
Se percebe Gente
Que sente, ressente
Consente, pressente
É ausente e presente
Tão somente porque
É gente!
M.N.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O que me aquece

O que te aquece, apetece?
O frio que sentes, consentes?
O calor que queres, malqueres?
Por que feres?
O que me fere, a mim me refere
O calor que espero, esse quero
O frio que sinto é meu labirinto
O que me aquece não é um corpo
Nem coberto pelo lenço
O que me aquece é o sentimento
Que se foi com o vento...
Se sentes frio, cobre-te
Com panos quentes
Com corpos querentes
Tem aos montes, certamente!
Porque o meu frio
Merece um agasalho de amor
Não sou anjo nem flor
Sou apenas o que sobrou
Daquele sentimento meu
Essa sou eu!
M.N.

domingo, 20 de abril de 2014

Olhar de menina - Foto: Beatriz Couto


Um olhar de menina
Curioso, belicoso
Quase mulher
Já sabe o que quer
Sonha a sina de ser
Mais que tanto
Mais que menina
Mais que mulher
Ela apenas é.
A menina que vive
Que transgride
Que se permite 
Não se acomoda
E, se incomoda,
Pouco importa!
Se lhe fecham a porta
Ela pula a janela
Porque sabe-se bela
E, por ser tão ela
Lança o olhar de menina
Que penetra na alma
Que revela a sina
De ser menina, 
De ser mulher
E, se alguém a proibia
É porque se esquecia
Que ela só exibia
A beleza de ser Bia....
M.N.


Gosto de Carvallho

Não era apenas um rosto
Era o cheiro, era o gosto!
Não era apenas o toco
Era o tronco, estava pronto
Não era apenas o nome
Era o tipo, a espécie
Era a mistura do rosto
do tronco, do gosto
Essa mistura era doce
E ainda que não fosse 
Era a minha algibeira
esconderijo da madeira
Nessa eira certeira
Era o rei da floresta
Fez da minha vida, festa
Era do frio, o agasalho
E, por ele, sei que valho
Mas, por mais que dê trabalho
Quero o gosto amadeirado
Amo o gosto do Carvalho!
M.N.

sábado, 19 de abril de 2014

Equilíbrio - Foto: Vicente Sampaio

A vida é como uma dança
Coreografada ou livre, uma dança
Ensaiada ou improvisada
A vida é como uma dança
Para driblar os movimentos, momentos
É necessário conhecer o corpo
a alma, o coração, os sentimentos
É preciso assimilar o ritmo, o compasso
Dar, sem medo, o primeiro passo
É preciso gostar da música, lúdica, única
Bailar sorrindo, sentindo, vivendo
Ousando, dançando no ritmo do vento
Em movimento, sendo...
E, quando chegar o fim de tudo
Ainda que a música acabe
E só reste um pedacinho de chão pra dançar
Dancemos num pé só...
Levantemos o braço
É só mais um passo
Afastemo-nos dos extremos
Dancemos em equilíbrio
Com a música da alma e do coração
M.N.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

É assim que se faz - Foto: Laura B. Klein

É assim que se faz
quando nos falta alegria na vida
Quando há um muro
Alto, intransponível
Que faz do sonho o impossível
Um muro duro e incolor
Que modifica a paisagem
Torna mais árdua a viagem
Afasta a própria natureza
Enchendo-nos de aspereza
É assim que se faz:
Olha, observa
Há vida, há flor
Aquela que se planta, cuida
Contempla e colhe
E o muro ali, inflexível
Nem sempre é preciso
Derrubá-lo, pulá-lo
Então, é assim que se faz:
Pega os pincéis, mistura as tintas
Desenha nele a sua história
Mais alegre e colorida
E junta a ela aquelas flores
Que estão detrás do muro
Cheias de vida! Ar puro!
Toda história tem muros e tem flores
Todos temos tintas, colores....
Vivemos a nossa guerra
Vivemos a nossa paz
É assim que se faz.
M.N.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A menina em mim - Foto: Roseli Stepurski

E o tempo passou...
Mudaram as estações
Mudaram meus sonhos e ilusões
A menina que eu fui
Esperava a chuva
Esperava o Sol
Esperava....
A menina pensante
Andante, sorridente
Confiante, tão crente
Um dia cresceu
E o tempo passou...
Mudaram as estações
Arrebatei uns corações
Amei sem restrições
Mudaram meus sonhos?
Não tenho ilusões?
O que ficou, enfim?
A menina em mim...
M.N.

Queda- Foto: Mario Eiras Garcia

E que a  minha queda
Me ensine a levantar
Que com ela eu aprenda
A ter equilíbrio, a me sustentar
Nos caminhos escorregadios
Que a vida me ofertar
Que eu possa ter braços fortes
Pra me apoiar
Que eu olhe com mais compaixão
Pra todos que como eu
Já quedaram ou vão quedar...
E que a minha queda
Nunca me aprisione ao chão
Que, no fim de tudo,
Eu me divirta no tobogã
da vida...
Escorregadio, inseguro,
Insistindo, nos apuros
Que eu sempre caminhe
Ainda que caia
Mas, que eu nunca perca a fé
Porque pra cair
Basta estar de pé.
M.N.

sábado, 12 de abril de 2014

Amanhã... Ah! Amanhã... - Foto: Djalma Gonçalves Silva Junior

Se o seu Hoje está difícil
Se o céu escureceu
Se os olhos se fecharam
Se você emudeceu
Hoje é apenas hoje
Não será pra todo sempre
Uma noite muito escura
Sempre traz lembranças duras
Vem cansaço, vem o choro
O aperto na garganta
Mas, enfim a noite acaba
Vêm palavras de esperança
De um louco apaixonado
De um sorriso da criança
E te lembra que o Hoje
Nunca dura para sempre
Se tudo parece difícil
Amanhã é outro dia!!!
E o Sol nasce de novo
Traz pra vida um renovo
Uma chama de esperança
É por isso que a voz
Outra hora emudecida
Vira um grito de alegria:
Amanhã.... Ah! Amanhã....
M.N.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sobre pássaros e grades - Foto: Ricardo Apparicio

Era uma vez um pássaro
Na janela, sobre a grade
Asas fechadas, pés fincados
Embalsamado??
Pássaro morto
Que olhava o céu
Dantes quadriculado
Céu recortado
Liberdade partida
Dividida
Era uma vez um pássaro
Na janela, sobre a grade
Asas fechadas,  olhos fixos
Que olhava o céu
Agora inteiro
De um quadrado
Céu abobadado
Estará ele ainda vivo?
Pássaro ainda
Sempre pássaro
Sempre ave
O desejo de um céu inteiro
Liberdade plena
Das asas, as penas
Que lhe dão leveza
Para o voo que se quer...
Era uma vez um pássaro...
... E viveu feliz para sempre.
Fim
M.N.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

De nada adianta - Foto: José Bento Vasconcellos

De nada adianta
A janela aberta
E a gaiola fechada
Tortura mórbida
"Liberdade sórdida"
Ver o céu azul
De fora da janela
De dentro da gaiola
De nada adianta
A liberdade ali
Tão perto... E tão longe
De nada adianta
De que vale ter asas
De que vale o céu
E não poder voar?
De nada adianta
Abrir a janela
E me aprisionar...
M.N.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Desejo-te - Foto: Mete Baskoçak

Desejo-te
Ao olhar-te
Desejo-te
Só de pensar-te
Desejo-te
Ao observar-te
Que o querer me mate
Quero-te em qualquer parte
Desejo-te pelo que vejo
E o que vejo é o meu desejo
Desejo-te
Ao ler-te
Desejo-te
Não é um flerte
Só de pensar-te
Desejo-te
Abra os braços
Vira-te pra mim
Vem conhecer-me
Permita-me
Vem ser minha, enfim...
M.N.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

E pra sair do labirinto? Foto: Christian Barroso

Cada sim e cada não
Desenhou em linhas retas
Os caminhos que escolhi
Nada foi sem importância
Já não tenho mais infância
Mas, ainda há esperança
Pra cada ponto que fui indo....
Eu construí um labirinto
Me protejo como posso
Guardo cada sentimento
Emoções e pensamentos
Num pequeno capacete
Vou correndo, dando voltas
À procura da saída
Me enlaço nessa rede
Mas, sou livre, sem paredes
De repente eu descubro
Que as linhas, cada ponto
Formam um desenho lindo
Ó, desgraça! Eu gosto dele
E como eu faço pra sair
Do meu lindo labirinto???
M.N.


terça-feira, 1 de abril de 2014

A alma da janela - Foto: Luiz Alfredo Ardito

Toda janela tem sua alma
Toda janela tem suas cores
Tem texturas, esconde dores
Cada uma guarda segredos
E, fechada, é só fachada
O interior, quem sabe é ela
A velha janela não é janela velha
É janela com alma de quem vive.
As cicatrizes do tempo
Desenharam na janela
A história de uma vida
Foi a chuva, o Sol ou o vento?
E as mãos que a abriram
Foram as mesmas que fecharam?
Os olhos que a atravessaram,
O que viram da janela?
As perguntas sem respostas
Mancham a beleza dela?
É sensível todo aquele
Que vê a alma da janela....
M.N.

Pernas gigantes - Foto Bhall Marcos


Ai, quem me dera ter gigantes pernas...
Que me fizessem pular a janela
Sentir-me menos velha
Dar um grande salto
Ver o mundo do alto
Numa outra perspectiva
Mais viva!
Ai, quem me dera ter gigantes pernas...
Dar passos largos
Por caminhos tortos
Não mortos!
Não quero da janela, o ninho
Quero andar outros caminhos
Aninhar-me em meus sonhos
Ter, enfim, os meus ganhos
Olhar para um lado e outro
Não contentar-me com pouco
Escolher, não me encolher
Apenas esperar a hora
Que ela venha sem demora
Pois eu quero ir embora
Já não sou mais como antes
Tenho pernas gigantes!
M.N.